
Blogue sobre a Natureza da Península Ibérica, as suas áreas naturais mais importantes e denúncias de atentados ambientais.
28 agosto 2006
O tempo das amoras

21 agosto 2006
Vale do Ramiscal - Retratos de uma paisagem desoladora




Com o devido respeito pelos dirigentes e técnicos envolvidos, estas afirmações não correspondem à verdade. A grande maioria das áreas utilizadas para caçar pelo único exemplar de águia-real do PNPG, as que seguramente apresentavam as maiores densidades de Coelho-bravo (Oryctolagus cuniculus), foram totalmente dizimadas pelas chamas. As imagens acima publicadas confirmam isso mesmo.
A águia-real é uma das mais raras aves de rapina portuguesas. Segundo o recém-publicado Livro Vermelho dos Vertebrados de Portugal, não existirão mais de 60 casais no nosso país, estando classificada como "Em Perigo de Extinção". No PNPG sobrevive um único exemplar.
O desaparecimento desta águia, a verificar-se, confirmará o que desde há anos se adivinha: mais de 30 anos após a sua criação o Parque Nacional, a jóia de coroa da Conservação da Natureza em Portugal, terá fracassado num dos seus objectivos principais. Será altura para questionar: se no local de máxima protecção ambiental foi possível a extinção de um dos animais selvagens mais emblemáticos, o que esperar da conservação do restante património natural português?
Preocupado com a mais que provável falta de alimento que este exemplar de águia-real e outros vertebrados selvagens actualmente enfrentarão redigi a seguinte carta aberta ao Director do Parque Nacional da Peneda-Gerês:
"Exmo. Prof. Henrique Pereira,
Actualmente esta águia-real, que felizmente ainda sobrevive, e um grande número de predadores ameaçados de extinção, nos quais se incluem o Lobo (Canis lupus signatus), o Gato-bravo (Felis silvestris), o Tartaranhão-caçador (Circus pygargus) ou o Açor (Accipiter gentilis) vivem um período de grande escassez alimentar. Neste contexto venho pedir-lhe para colocar em prática uma medida de baixo custo económico e que seria de grande valia para os vertebrados selvagens desta área do PNPG: a disponibilização de alimentação suplementar para a fauna. De fácil construção e manutenção, a colocação de alimento numa estrutura preparada para o efeito num qualquer local da Serra da Peneda seria um contributo importante para a sobrevivência de alguns dos animais mais emblemáticos do Parque Nacional.
Miguel Barbosa"
10 agosto 2006
O fim da Mata do Ramiscal


O Vale do Ramiscal é um vale remoto do Alto Minho com cerca de 10 quilómetros de extensão que se dispõe no sentido Este-Oeste. A maior parte da sua área está protegida legalmente pelo máximo estatuto de protecção ambiental, o de Parque Nacional.
A Mata do Ramiscal estendia-se ao longo da margem esquerda do rio e era formada sobretudo por exemplares de Carvalho-alvarinho (Quercus robur) de grande porte e pelos supra-citados azevinhos. Neste local deambulava o Lobo-ibérico (Canis lupus signatus), a Águia-real (Aquila chrysaetos) cruzava assiduamente os céus e o Gato-bravo (Felis silvestris) refugiava-se no mais espesso do bosque.
Seria difícil encontrar uma maior diversidade e riqueza natural no nosso país. Nos últimos dois dias tudo isto desapareceu! A Mata do Ramiscal morreu! O solo carbonizado estende-se do rio até ao ponto mais alto da Serra do Soajo. A Natureza lusa está de luto, o Parque Nacional da Peneda-Gerês nunca mais será o mesmo, a minha tristeza é imensa...
04 agosto 2006
Os Carvalhos centenários do Parque Natural de Redes


No mais recôndito da floresta abrigam-se gigantescos exemplares de Carvalho-alvarinho (Quercus robur), com mais de 10 metros de diâmetro. Estas árvores centenárias, inúmeras vezes fustigadas por relâmpagos, ainda hoje dão protecção e alimento a uma rica fauna cantábrica que delas depende. Devido ao seu óptimo estado de conservação provavelmente sobreviverão por mais algumas centenas de anos...