28 agosto 2005

A importância dos matagais



Nestes dias de incêndios devastadores, a atenção da comunicação social recai sobre a extensão das manchas florestais ardidas e os meios de combate ao fogo mobilizados. Poucas vezes se fala do tipo de floresta consumido pelas chamas e despreza-se a destruição das formações arbustivas, vulgarmente designadas por "matos".

Contudo, entre os vários matagais que povoam as nossas serras, existem algumas formações que assumem grande importância para a fauna. Merece particular destaque a uva-do-monte (Vaccinium myrtillus), retratada na foto acima, que por estas alturas se torna um importante recurso trófico nas serras do Norte peninsular.

A destruição do "mato" pelo fogo, é muitas vezes também uma tragédia para o nosso meio natural...

24 agosto 2005

Sinais de esperança



Em matéria de incêndios florestais o nosso país atravessa uma vez mais um momento trágico, com mais de 150 mil hectares devastados pelas chamas este ano.
Apesar de a maior parte da área florestal ardida corresponder a culturas monoespecíficas de pinheiro-bravo (Pinus pinaster) e eucalipto (Eucalyptus), portanto longe do coberto vegetal original e com uma baixa biodiversidade, os números impressionam pela sua dimensão.
Em Espanha, onde existe uma verdadeira floresta à base de árvores autóctones, os incêndios são também fonte de preocupação, com 107 mil hectares ardidos. Mas, ao contrário do que se passa por cá, a esperança renasce quando, caminhando em áreas esquecidas do interior montanhoso de Castela e Leão, se encontra um ambicioso projecto de reflorestação à base de carvalhos (Quercus petraea e Quercus pyrenaica)!
A Natureza agradece... Fica o exemplo!

15 agosto 2005

Os ventos da discórdia


Nos próximos anos a instalação de parques eólicos em Portugal vai decorrer a grande ritmo conforme anunciado recentemente pelo Governo, o que globalmente é positivo.
É importante contudo salientar que para além das vantagens por demais conhecidas (fonte renovável de energia, pouco poluente, etc.) existem consequências nefastas importantes:
  1. Impacto visual. A paisagem representa um valor por si própria, um investimento a longo prazo na imagem do país. As serras mais interessantes a nível geológico, florestal e de maior harmonia paisagística (alcançada através do paciente trabalho de séculos das populações locais) deveriam ser poupadas.
  2. Impacto sobre a fauna. Para serem construídos parques eólicos é necessário abrir autênticas auto-estradas de terra batida em zonas ecologicamente sensíveis, para a instalação dos enormes aerogeradores. Uma vez concluída a obra estas estradas permanecem, tornando acessível o que antes era remoto, facilitando a caça furtiva e a perturbação sobre os últimos lobos ou águias-reais.

É preciso urgentemente ordenar a instalação de aerogeradores no país. Há zonas que pelos motivos acima expostos simplesmente não podem comportar parques eólicos!

07 agosto 2005

Sinais da presença de Lobo



Os últimos lobos (Canis lupus) do território português enfrentam hoje novas e graves ameaças.
Devido à calamitosa situação financeira do Instituto da Conservação da Natureza (ICN), os prejuízos pelos ataques de lobo não têm sido pagos aos criadores de gado. Cresce a indignação entre estes e teme-se por um aumento da perseguição da espécie.
Simultaneamente proliferam os parques eólicos em áreas de criação das alcateias, enquanto que os fogos dizimam as áreas de refúgio e de alimentação das suas principais presas selvagens.
É por isso quase um milagre que, como demonstram as fotos, ainda se possam observar sinais da presença do lobo nas serras do Norte do país. Mas até quando?

03 agosto 2005

Ocaso da Águia-real na Peneda-Gerês


Eis o último exemplar de Águia-real do nosso único Parque Nacional!
Desde que foi criado, há mais de 30 anos, o Parque Nacional da Peneda-Gerês viu o número de exemplares de Águia-real diminuir acentuadamente.
Actualmente a situação é bastante grave, não se vislumbrando outra alternativa para o futuro desta majestosa ave, que não passe por um ambicioso projecto de recuperação/reintrodução.
Em todo o Portugal este é o local que goza de um maior grau de protecção ambiental e onde a conservação da natureza assume a maior importância. Se não conseguirmos salvar um dos símbolos do Parque Nacional, ou pelo menos tentarmos, então conservar a natureza em Portugal será uma expressão desprovida de sentido.