21 dezembro 2014

Tentilhão-comum, ou o macho de peito cor-de-rosa

Tentilhão-comum, fotografado há algumas semanas atrás no Parque Natural de Montesinho.

Percorrendo as florestas portuguesas no Outono ou no Inverno é difícil não reparar numa pequena ave devido à sua elevada frequência: o Tentilhão-comum (Fringilla coelebs) é por esta altura um dos nossos passeriformes mais comuns.
Residente no nosso país ao longo de todo o ano, com a chegada do tempo frio os efectivos de tentilhão são reforçados com indivíduos (principalmente fêmeas) provenientes do Norte da Europa.
O tentilhão-comum alimenta-se habitualmente de sementes; tem o tamanho de um pequeno pardal mas as asas e cauda mais longas e a característica mancha branca dos "ombros" torna-o mais elegante. Os machos são mais coloridos (ver fotografia em anexo) com o característico peito rosado.
Em Abril os tentilhões residentes mudam os hábitos alimentares: inicia-se a época de reprodução, com uma postura de 3 a 6 ovos, e aumenta o consumo de pequenos invertebrados mais ricos em termos energéticos. Trata-se felizmente de uma espécie não-ameaçada embora se questione a tendência demográfica recente dos seus efectivos...

14 outubro 2014

Papa-moscas preto no Vale do Tua


Papa-moscas-preto (Ficedula hypoleuca) fotografado no Vale Tua.

O Papa-moscas-preto (Ficedula hypoleuca) é uma pequena ave, rara no nosso país e que visita a Europa durante os meses mais quentes (desde Abril/Maio até Setembro/Outubro). Na Península Ibérica a sua presença restringe-se a bosques de montanha, como carvalhais ou pinhais. 
Caminhando há cerca de 2 semanas atrás pelo lindíssimo Vale do Tua, com os seus extensos pinhais e sobreirais, pude observar e fotografar uma fêmea de papa-moscas-preto. Neste momento, com o frio que se instalou definitivamente em terras transmontanas, o mais provável é este exemplar já ter regressado a terras africanas. Fica o registo e a vontade de repetir em breve esta caminhada.

03 setembro 2014

Andorinhas-dáuricas no Douro


Andorinha-daúrica (Hirundo daurica) e o final de Agosto no Vale do Douro

O Verão aproxima-se do fim e no Vale do Douro o tempo é de agitação. A vindima começou e todos os envolvidos entregam-se a esta tarefa sabendo que o que está em causa é todo um ano de trabalho. Prestam por isso pouca atenção a uma pequena ave que voa por cima das suas cabeças enquanto vindimam: a Andorinha-daúrica (Hirundo daurica).
Esta andorinha, muito menos frequente que a Andorinha-das-chaminés (Hirundo rustica) e da qual se distingue pela ausência de banda peitoral, escolhe o Douro como um dos seus destinos de migração  predilectos. Durante a época da vindima a sua actividade é particularmente frenética, tentando acumular o máximo de reservas de energia que a permitam em breve fazer a viagem até à África subsariana.
Efectivamente trabalha-se muito no Douro nesta altura...

16 agosto 2014

Parque Natural do Sudoeste Alentejano e Costa Vicentina


O dia amanhece quente na Costa Alentejana. Estamos em Agosto, a afluência dos visitantes é maior mas ainda assim é possível explorar este imenso território praticamente livre da pressão turística.
Estas fotografias foram obtidas durante o dia de ontem e comprovam essa realidade: escarpas douradas com praias belíssimas e planícies infindáveis apropriadas à exploração agrícola e criação de gado extensivo. Por aqui a Natureza ainda prospera...

16 abril 2014

O regresso da Primavera


 A Primavera regressou pelo que em breve testemunharemos o surgimento de uma nova geração de presas e predadores e o ciclo da vida irá repetir-se.
  Das árvores de fruto onde um multiplicidade de passeriformes escolheu colocar o seu ninho, aos arbustos e matagais mais espessos onde nascem os novos lobos e linces, até às escarpas mais inacessíveis de onde se lançarão num voo que tem tanto de corajoso como de suicida diversas rapinas o cenário está montado. 
  Deixo-vos com uma imagem obtida há poucos dias do fantástico vale do Rio Maças, no Nordeste transmontano. A melhor época do ano para passear no campo e sermos presenteados com agradáveis surpresas está a chegar!

19 janeiro 2014

A melhor prenda de Natal


Serra Morena Oriental e Lince-ibérico (Lynx pardinus) observado ao final da tarde de sexta-feira, dia 27 de Dezembro de 2013 e fotografado pelo amigo Juan Ignacio Alvarez Gil.

Estamos em Dezembro e o dia amanhece chuvoso na Serra Morena. Apesar da altura do ano não está frio.
Iniciamos cedo a caminhada que discorre ao longo do rio Jándula. Ao nosso redor estende-se a perder de vista o bosque mediterrâneo: quilómetros e mais quilómetros de sobreiros interrompidos por afloramentos graníticos. Sobre nós, aparecendo e desaparecendo no meio das nuvens carregadas, uma Águia-imperial (Aquila adalberti) solitária patrulha o território.
Prosseguimos ao longo do trilho até alcançarmos um promontório, sobranceiro ao rio. Cai um aguaceiro. Resolvemos parar, almoçar e dedicar as próximas horas à observação de fauna. Ao longo da tarde desfilam diante dos nossos olhos Veados (Cervus elaphus), Abutres-negros (Aegypius monachus), Águias-reais (Aquila chrysaetos), Gralhas-de-bico-vermelho (Pyrrhocorax pyrrhocorax), Gamos (Dama dama), Coelhos (Oryctolagus cuniculus).
São já 16h 30 minutos e o dia aproxima-se do fim. A névoa cai sobre o vale, a luz escasseia. É hora de regressar. Mas algo acontece...
Avançando pelo meio do matagal mediterrâneo surge uma espécie diferente daquelas que tínhamos observado ao longo do dia. 
Tínhamos esperança que tal pudesse acontecer. Aliás atravessamos metade da Península Ibérica para o observarmos. É um animal grande, maior do que estávamos à espera de encontrar. Impressionam os membros, maciços, aparentemente desproporcionados em relação ao resto do corpo. A cor também sobressai pois apesar do céu carregado de cinzento observa-se facilmente a pelugem dourada. Este momento nunca o esquecerei enquanto viver: pela primeira vez observo um Lince-ibérico (Lynx pardinus) em estado selvagem.
No coração da Serra Morena, onde a população tem vindo a aumentar graças a meritórios esforços de conservação, no melhor mês do ano para a sua observação (altura do acasalamento), fomos presenteados durante mais de 30 minutos com o avistamento de um lince no seu habitat natural, avançando em silêncio, emboscando-se atrás de arbustos, refugiando-se sob blocos graníticos.
Aguardo o dia em que poderei repetir esta observação, mas em solo nacional...