Tal como os famosos mitos urbanos assiste-se hoje no mundo rural português ao surgimento de um novo mito, transversal a diferentes gerações e classes sociais: a solta de lobos (Canis lupus)...
É palavra comum nas aldeias do Norte de Portugal, que o Estado, organizações conservacionistas ou particulares procedem à libertação de lobos-ibéricos (Canis lupus signatus).
O contorno do “acontecimento” é sempre o mesmo:
- A solta nunca foi presenciada por aquele que conta a história mas a fonte é de "confiança".
- Dos meios utilizados consta habitualmente uma carrinha branca que ao cair da noite percorre as serras libertando os animais…
- Existem então “novos lobos”, de porte e pelagem diferentes dos lobos tradicionais e que não fogem quando encontram o Homem (como sempre aconteceu em milénios de coexistência Homem/Lobo).
De tão repetido este folclore assume contornos de axioma e quem o tente desmontar encontra invariavelmente o antagonismo, a desconfiança e até a agressividade.
Realmente é irónico que num país em que o Estado não apresenta qualquer projecto de reintrodução da fauna mais ameaçada, a ignorância leve a que o povo acredite que as instituições de conservação da natureza funcionem bastante melhor do que aquilo que na verdade acontece…
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