20 maio 2006

O Lobo e as suas presas em Montalegre (1/3)

Em Montalegre ainda é possível encontrar vales isolados cobertos por vegetação autóctone.

Esta fotografia confirma a reprodução de Javali (Sus scrofa) numa zona de vegetação cerrada do vale. As crias inspeccionam atentamente a câmara automática conforme se pode constatar pela sua proximidade à objectiva.

O concelho de Montalegre apresenta uma riqueza natural considerável abrangendo uma enorme diversidade de biótopos. Aqui encontramos as serras mais altas do Norte de Portugal, importantes bosques caducifólios, cursos de água preservados, planaltos de altitude e formas únicas de exploração agrícola compatíveis com o meio ambiente. No último número da revista Tribuna da Natureza, publicação trimestral dedicada à conservação da natureza editada pelo FAPAS-Portugal (Fundo para a Protecção dos Animais Selvagens), assino um artigo sobre a região e as suas áreas naturais mais importantes.
Rendido à beleza das terras do Barroso, realizei um trabalho de campo durante 5 meses (entre Maio e Setembro de 2005) tendo por objectivos determinar a ocorrência do Lobo-ibérico (Canis lupus signatus) e das suas principais presas e também os padrões de ocupação de território das diferentes espécies.
Escolhi como área de estudo o vale, portela e cumeadas adjacentes a um pequeno afluente da margem direita do Rio Cávado. Esta zona apresenta um interessante coberto vegetal constituído nas altitudes mais baixas (aos 900 metros de altitude) por bosques relativamente conservados de Carvalho-negral (Quercus pyrenaica) alternando com prados de lima, enquanto que nos locais mais elevados (acima dos 1300 metros) predominam as carvalheiras e as formações arbustivas de Urze (Erica spp.), Giesta (Cystisus spp.) e Tojo (Ulex parviflorus).
Foram realizados 4 transectos distintos com uma média de 5 quilómetros (mínimo de 3 e máximo de 9 quilómetros) com o intuito de detectar indícios da presença de fauna. Simultaneamente foram colocadas 2 câmaras fotográficas activadas por um sensor de movimento em locais susceptíveis de serem frequentados pelos mamíferos objecto do estudo. O número total de dias de utilização das camâras foi de 129 dias; o número médio de dias em que cada câmara esteve efectivamente activa foi de 67.
Os resultados serão apresentados no próximo post, a publicar dentro de dias.

1 comentário:

William disse...

Alive... kicking?