28 dezembro 2007

Texugo: o mascarado das nossas florestas

Exemplar de Texugo (Meles meles) fotografado no Distrito de Bragança num pinhal de Pinheiro-bravo (Pinus pinaster).

É um dos mamíferos lusitanos mais difíceis de observar na Natureza embora esteja presente por todo o território nacional. Tímido e de hábitos nocturnos o Texugo (Meles meles) apresenta um comportamento peculiar. Constrói uma toca com várias aberturas (normalmente entre 3 a 10) que partilha com outros texugos constituindo uma colónia. Dentro da toca colonial sociabiliza (por exemplo uma única câmara-ninho pode ser partilhada por 3 animais) mas quando se desloca para o exterior fá-lo habitualmente em solitário. Se não ocorrerem perturbações significativas estas tocas são usadas e ampliadas por gerações sucessivas de texugos.
A sua pegada é inconfundível: marca os cinco dedos e respectivas garras apresentando um tamanho aproximado de 6 por 5 cm no adulto. De entre todos os mustelídeos é aquele que mais marca a pegada.
Apresenta um regime alimentar omnívoro e oportunista, habitualmente mais carnívoro na Primavera e Verão e mais vegetariano no Outono com consumo de frutos carnosos e cereais. Talvez devido a esta variedade alimentar alcança um máximo populacional em paisagens tipo mosaico em que a floresta alterna com prados e zonas de cultivo.
Durante o Inverno a sua actividade reduz-se substancialmente, entrando num estado de letargia com redução da temperatura corporal sem que contudo se possa falar em verdadeira hibernação. Por isso foi com verdadeira surpresa que visitando o território da Alcateia de Bragança (ver postagens de Março 2007) constatei que uma das câmaras fotográficas automáticas utilizadas no seu seguimento tinha fotografado na noite de 13 de Dezembro um nutrido exemplar de texugo. No trilho as suas pegadas cruzavam-se com as de um lobo adulto. Será que estes animais se cruzaram? E se assim foi o que terá acontecido?

2 comentários:

Anónimo disse...

Por acaso costumo chamar mascarado ao leirão (Eliomys quercinus), mas também está bem atribuído ao texugo.

Alguma novidade sobre o plano de ordenamento de montesinho no que diz respeito às eólicas?

cumprimentos

miguelbarbosa disse...

Olá João.

Até agora não há notícias sobre a eventual construção de eólicas no Montesinho.

Vamos ver onde isto vai parar.

Tenho pena da atitude assumida pela Quercus e do silêncio da LPN ou do Carnívora. A única ONG que até agora definiu uma posição clara e coerente foi o FAPAS.

Um abraço,
Miguel Barbosa