06 janeiro 2010

Falta de Vigilantes da Natureza no Parque Natural do Douro Internacional


A conservação dos valores naturais representa uma medida indirecta do grau de civilização de uma nação. Como se trata de um "bem" inatingível, sem uma repercussão económica imediata, raramente se encontra entre as prioridades de qualquer Governo.
O Parque Natural do Douro Internacional foi criado em 1998 para "valorizar e conservar o património natural e o equilíbrio ecológico, através da preservação da biodiversidade e da utilização sustentável das espécies, habitats e ecossistemas". Quatro anos mais tarde foi criado na vizinha Espanha o Parque Natural Arribes del Duero, de forma a que na actualidade as duasáreas protegidas encerram mais de 120 quilómetros de canhões e bosques mediterrâneos inacessíveis. Perfazem uma das maravilhas naturais da Europa, habitada por Águias-reais (Aquila chrysaetos), Lobos-ibéricos (Canis lupus signatus), Gralhas-de-bico-vermelho (Pyrrhocorax pyrrhocorax) ou Britangos (Neophron percnopterus).
Esperar-se-ia que para vigiar e proteger uma área tão extensa o país dispusesse de algumas dezenas de funcionários, nomeadamente Vigilantes da Natureza. Na verdade, e desde há cerca de 4 meses, não há um único Vigilante da Natureza a trabalhar no Parque Natural do Douro Internacional! Restam apenas 4 técnicos superiores, o que não permite sequer a recepção adequada aos visitantes que procuram a região. Ficam as perguntas: estará o país numa penúria tão profunda que não possa honrar os seus compromissos internacionais na área da Conservação da Natureza? Se esta mesma situação se passasse numa área protegida próxima de um grande centro urbano do litoral o desfecho seria o mesmo? Faz  ainda sentido chamar ao Douro Internacional área protegida quando não resta praticamente ninguém para a proteger?