02 novembro 2011

Guia Prático da Biologia da Abelha


Foi editado recentemente um "Guia Pratico da Biologia da Abelha" que reproduz de forma acessível os aspectos mais importantes da vida deste insecto.
Embora originalmente dirigido ao apicultor, a qualidade dos textos, do grafismo e das fotografias que o ilustram tornam-no num dos principais livros portugueses a debruçar-se sobre a abelha e agradará seguramente ao público em geral.
As temáticas abordadas sao as seguintes: "A abelha e o Homem", "A origem da Abelha", "A colónia", "Actividade das obreiras" e a "Enxameacao e reprodução". Numa altura em que se questiona o desaparecimento de um grande número de enxames em diferentes países faz todo o sentido conhecer um pouco melhor as abelhas, essenciais para a manutenção de um Meio Ambiente rico e diverso...

10 outubro 2011

Armeria humilis: uma preciosidade das Serras do Noroeste português

Armeria humilis humilis, pequena planta da Serra do Gerês.


A Armeria humilis humilis é uma planta da família Plumbaginaceae, endémica das Serras do Noroeste Peninsular, nomedamente da Serra do Gerês/Xurés.
Distribui-se pelos altos cumes fronteiriços da maior área de ambiente natural do nosso único Parque Nacional, desenvolvendo-se sobre solos pobres e fendas de rochas graníticas. Constitui uma importante meio de colonização destes meios extremos desenvolvendo o seu labor ao longo do tempo.

19 agosto 2011

Lobo a Sul do Douro: reprodução em 2010.

Dia 19 de Julho de 2011, próximo da meia-noite. A Sul do Rio Douro um Lobo-ibérico (Canis lupus signatus) atravessa a noite ou como a região Centro de Portugal ainda tem o privilégio de contar com a presença de um superpredador.


A distribuição do Lobo-ibérico (Canis lupus signatus) em Portugal compreende 2 subpopulações: uma a Norte do Rio Douro, que se encontra em continuidade com a população espanhola, e outra a Sul do Rio Douro, cujo contacto com os restante efectivos ibéricos da espécie é bastante precário.
Considera-se assim mais ameaçada de extinção a subpopulação a Sul do Rio Duro, contando com um reduzido número de animais (apenas cerca de 15% da população nacional de lobo) e qualquer notícia que permita confirmar não só a sua presença como também a sua reprodução só pode ser considerada excelente.
Há cerca de 3 semanas, em pleno Distrito de Viseu, foi obtida a fotografia de lobo-ibérico acima reproduzida. Retrata um lobo subadulto, provavelmente nascido durante o ano 2010. É um documento que nos enche de esperança pois confirma que na segunda década do século XXI o lobo-ibérico vive e reproduz-se na região Centro de Portugal. Depende de todos nós assegurar que tal continue a suceder por muitos e longos anos...

02 julho 2011

Marta em meio mediterrâneo

A Marta (Martes martes) é uma espécie de distribuição pouco conhecida no nosso país.
(clique na imagem para ampliar)

O habitat onde foi obtida esta fotografia de Marta (Martes martes) não é aquele que mais se associa a este mamífero, como as florestas extensas de coníferas ou os bosques de Faias (Fagus sylvatica) do Norte da Europa. Antes pelo contrário: às 9 horas da manhã do dia 12 de Maio esta marta percorria território português, relativamente pouco arborizado, composto por manchas dispersas de azinhal (Quercus rotundifolia), pinhal (Pinus pinaster) e mato mediterrâneo.
A algumas centenas de metros a orografia do terreno é abrupta abrindo passagem a um dos últimos rios selvagens portugueses. A tranquilidade impera: são frequentes os registos fotográficos diurnos de espécies tão esquivas como o Lobo-ibérico (Canis lupus signatus) ou o Gato-bravo (Felis silvestris). Mas esta fotografia que documenta a actividade diurna da marta em pleno "mediterrâneo transmontano" é algo de muito especial...

13 junho 2011

Vida e morte na Natureza lusitana

Lobo-ibérico (Canis lupus signatus) fotografado há duas semanas no Norte de Portugal transportando o resultado da sua caçada.


Maio de 2011: o dia aproxima-se do fim numa remota serra transmontana. Ao fundo, no vale, crias de Lobo-ibérico (Canis lupus signatus) com apenas algumas semanas de vida esperam pela chegada de comida. Os dias sucedem-se, a fome aperta e a caça não vem. Mas hoje tudo vai ser diferente...
A poucas centenas de metros do local habitual de cria uma câmara fotográfica activada por movimento detecta um momento íntimo na vida desta alcateia. Poucos minutos passam das 19 horas quando um lobo adulto apressa-se a regressar para junto da família e é fotografado. A cabeça de cria de Veado (Cervus elaphus) que transporta entre as presas e o abdómen bastante dilatado que se pode ver na imagem são sinais de uma refeição faustosa. Não para si mas para as suas crias...
Uma vez chegado ao vale as crias irão rodeá-lo, lambendo-lhe o focinho. Num gesto repetido desde há milénios ele irá regurgitar o que ingeriu minutos antes e será o produto dessa regurgitação e a cabeça de veado que irão alimentar a nova geração de lobos portugueses.
O país está em crise mas a nossa Natureza permanece única e vibrante como sempre o foi...

26 maio 2011

Lebre-ibérica: camuflagem e rapidez

Lebre-ibérica (Lepus granatensis) fotografada numa serra transmontana.


A Lebre-ibérica (Lepus granatensis) é um lagomorfo com cerca de 2,5 kg de peso que se distribui por quase toda a Península Ibérica, com excepção das Cordilheiras Cantábrica e Pirenaica. É mais comum em zonas de mato rasteiro, olival, campos de cereal ou vinhedos, rareando em zonas florestadas.
Distingue-se do Coelho (Oryctolagus cuniculus) pelas maiores dimensões, pelas orelhas longas e negras nas extremidades, cauda com risca preta e membros compridos.
Apesar da sua proverbial rapidez trata-se de um mamífero que baseia muito da sua estratégia de sobrevivência na arte da camuflagem, pelo que encontrá-la a meio do dia, em pleno trilho de uma área protegida do Norte de Portugal é digno de registo...

17 abril 2011

Gato-bravo em patrulha à hora do almoço


A observação na Natureza de um mamífero tão esquivo como o Gato-bravo (Felis silvestris) é sempre um acontecimento especial. Para que tal suceda são necessárias várias horas de espera, conhecimento do terreno e... muita sorte!
O vídeo em anexo não foi obtido através de uma observação directa mas antes utilizando uma câmara automática acoplada a um sensor de movimento. Através desta ajuda electrónica foi possível saber que no passado dia 17 de Março, quinta-feira, em plena luz do dia, às 13 horas e 30 minutos, no Extremo Norte de Portugal um gato-bravo patrulhava o seu território. Acumula-se a informação de que para esta espécie a tranquilidade do território não só durante a noite mas também durante o dia é um factor a ter em conta quando se planeia a sua conservação.

19 janeiro 2011

Côa: património humano e natural

O belíssimo Vale do Côa próximo a Algodres.

Águia-real (Aquila chrysaetos) sobrevoando o Côa.

Vale do Côa próximo a Cidadelhe.


O Vale do Côa constitui um dos locais mais singulares de Portugal: ao reconhecimento nacional e internacional relacionado com a herança de arte rupestre ao ar livre (Parque Arqueológico do Vale do Côa, 1996; Património da Humanidade pela UNESCO, 1998) junta-se uma riqueza natural assombrosa embora poucas vezes enaltecida.
O Vale do Côa é, muito justamente, uma Zona de Protecção Especial para as Aves (Instituto da Conservação da Natureza, 1999) constituindo um importante refúgio para mais de uma centena de espécies. Merece especial destaque, pela raridade à escala europeia, o grupo de aves rupícolas como a Águia-real (Aquila chrysaetos), a Águia-perdigueira (Aquila fasciata) ou o Abutre-do-Egipto (Neophron percnopterus).
Nas margens do rio, livre de barragens, desenvolve-se uma das principais colónias portuguesas de uma planta rara, o Tamujo (Securinega tinctoria) enquanto mais acima, nas encostas, predominam os azinhais (Quercus rotundifolia) e sobreirais (Quercus suber).
Aldeias fortificadas, arte rupestre, espécies raras de fauna e flora numa paisagem preservada como há poucas na Europa: eis o Vale do Côa aqui tão perto...