22 janeiro 2006

A Marta no Alto Minho - I


A área prospectada em busca da presença de Marta (Martes martes) compreendeu a maior mancha boscosa caducifólia do Alto Minho.
Entre grandes paredes graníticas que sobem dos 600 aos 1500 metros de altitude existe uma extensa floresta formada por velhos carvalhos (Quercus robur), núcleos de faia (Fagus sylvatica), pinheiros silvestres (Pinus sylvestris) e imponentes teixos (Taxus baccata).
Este bosque desenvolve-se ao longo da bacia hidrográfica do afluente de um dos principais rios minhotos. Existem 5 vales que drenam para o curso fluvial principal e que delimitam diferentes zonas com cobertos vegetais distintos.
Em todos estes vales foram colocadas câmaras fotográficas activadas por um sensor de movimento e calor com o objectivo de determinar áreas de ocorrência de marta e relacionar a sua presença com a da Fuinha (Martes foina), seu parente próximo e também mais comum. Este tipo de câmaras foi empregue com sucesso para o estudo da população de Urso (Ursus arctos) nas montanhas cantábricas ou de Lince (Lynx lynx) na Suiça.

16 janeiro 2006

A Marta no Alto Minho - Introdução

Marta (Martes martes), fotografada em Maio de 2004
numa floresta do Alto Minho

Entre Fevereiro de 2003 e Junho de 2004 foram colocadas câmaras fotográficas activadas por sensor de movimento numa floresta caducifólia do Alto Minho. Tratava-se de uma experiência com vista a tentar fotografar um qualquer mamífero numa área montanhosa preservada do nosso país. Os resultados foram surpreendentes: naquele vale recôndito por onde iniciei os trabalhos apenas fotografei uma espécie mas logo uma das mais raras: a Marta (Martes martes).
Desde então adquiri mais equipamento, sistematizei a busca, ganhei experiência. Logo um grande amigo, entusiasmado pelos resultados, também se juntou ao trabalho. Tivemos meses em que não conseguimos uma única fotografia de marta e outros em que os resultados foram excelentes.
Completa a tarefa chegou agora a altura de compilar os dados e apresentá-los, o que será feito ao longo das próximas semanas neste blogue.
Devo referir que este relatório não é um trabalho científico nem pretende sê-lo. Espero contudo que a sua leitura permita compreender um pouco melhor os segredos dum animal tão fascinante e que contribua para a valorização dos espaços florestais do Norte de Portugal.

10 janeiro 2006

Veneno: a mais cobarde e mortal das armas

Uma das principais ameaças à fauna Ibérica é o uso indiscriminado de veneno como forma de exterminar os chamados "animais daninhos", vulgo predadores.
Principalmente nas montanhas do Norte, onde ainda resiste o Lobo (Canis lupus), a sua utilização é bastante frequente.
O veneno é uma arma "cega", visto que ameaça de forma transversal todos os carnívoros. Entre o rol de vítimas, e para além do supra-citado lobo, contam-se as nossas últimas Águias-reais (Aquila chrysaetos), Águias de Bonneli (Hieraaetus fasciatus) ou Abutres-do-egipto (Neophron percnopterus). Com efeito a estricnina, os rodenticidas e os insecticidas são capazes de exterminar rapidamente e de forma absoluta os animais mais representativos de um determinado ecossistema.
Mas há pessoas e entidades determinadas em combater esta calamidade. O Programa Antídoto é uma plataforma que reúne as principais associações ecologistas portuguesas e que desde 2004 tem assumido um importante papel na divulgação e sensibilização das populações e autoridades competentes.
Como parte integrante de um movimento cívico em prol da nossa fauna mais ameaçada, o blogue Fauna Ibérica associa-se à mensagem do Programa Antídoto e recomenda vivamente a visita ao seu web site (www.antidoto-portugal.org).

03 janeiro 2006

A Marta no Sul da Galiza


Obtida numa fria noite de Novembro esta foto de Marta (Martes martes) é preciosa por vários motivos.
Primeiro porque se trata de um animal raramente avistado e do qual escasseiam as informações sobre o seu status na Península Ibérica.
Segundo pela inusitada posição em que nos surge, em posição erecta, apoiada nas suas patas traseiras, algo verdadeiramente incomum num mustelídeo que passa grande parte do seu tempo em árvores.
Terceiro e mais importante, porque esta foto foi obtida num bosque caducifólio do Sul da Galiza, a apenas cem metros da fronteira portuguesa.
Coloca-se então a pergunta: existirá a marta nos melhores bosques do Norte de Portugal? Após mais de um ano de trabalho de campo estamos em condições de responder a essa pergunta, o que acontecerá brevemente neste blogue...