24 agosto 2009

Amieiros centenários num vale remoto

Águas frias e rápidas com um bosque ribeirinho no seu apogeu, ou imagens de um Portugal superior.

Exemplar de Amieiro (Alnus glutinosa) centenário, num vale paradisíaco.

O perímetro do tronco deste amieiro atinge vários metros.

Raízes "embebidas" em água cristalina, num local recôndito do vale.

Primeiro atravessa-se um extenso carvalhal de Carvalho-negral (Quercus pyrenaica), depois prados há muito abandonados do seu propósito agrícola e finalmente vislumbra-se o vale. Poucos lugares como este ainda restam na Península Ibérica: um rio de águas translúcidas envolvido por uma galeria ripícola na qual predominam Amieiros (Alnus glutinosa) centenários!
Caminhar ao longo do vale corresponde a uma viagem no tempo, pois a cada curva do curso de água sucedem-se as árvores monumentais. Esta galeria lenhosa ribeirinha, que durante séculos escapou ao fogo e ao machado do Homem, fornece matéria orgânica em abundância ao leito fluvial. Cria assim as condições para o estabelecimento de colónias de microorganismos decompositores e de invertebrados aquáticos, base da alimentação de aves tão raras como o Melro de água (Cinclus cinclus).
Tão antigo e tão frágil (motivo pelo qual não revelo a sua localização, que me perdoem os leitores), este ecossistema constitui uma amostra insuperável  do que o nosso país tem de melhor...

16 agosto 2009

Corços em cio




Fêmea seguida por macho de Corço (Capreolus capreolus), às 11 horas da manhã, num dia quente de Julho no interior Norte de Portugal.


Agosto é o mês de acasalamento para os Corços (Capreolus capreolus). Os hábitos esquivos desta elegante espécie tornam contudo difícil presenciar na Natureza os comportamentos associados a esta fase do seu ciclo vital.
As imagens aqui reproduzidas mostram uma fêmea de corço a caminhar a meio do dia ao longo de um trilho (fotografia 1) e logo refugiar-se no interior de um pinhal de Pinheiro-bravo (Pinus pinaster) (fotografia 2). Nove minutos mais tarde surge um macho ao longo do mesmo caminho (fotografia 3), o qual também entra na floresta seguindo o rastro da sua parceira (fotografia 4). O que se passou a seguir permanece na intimidade dos corços...
São imagens raras e apenas possíveis em regiões isoladas e livres de pressão humana, como felizmente ainda acontece em determinadas áreas naturais protegidas.

04 agosto 2009

Tarde de Agosto nas margens do Sabor



O azul do céu e do rio, o verde da floresta a espaços centenária das margens e o castanho das fragas compõe as cores de um cenário paradisíaco. A Águia-de-asa-redonda (Buteo buteo) fotografada aguardou ao longo de horas nas margens do rio, talvez à espreita de alguma presa. 

Tarde de Agosto no belíssimo Vale do Sabor. O calor sufoca, tornando ainda mais atraente a imagem do curso de águas límpidas que corre ao fundo da encosta. 
Apesar do estio as recompensas surgem em catadupa para o amante da Natureza: manchas de carrasco que se estendem a perder de vista, uma Águia-real (Aquila chrysaetos) atacada por um Falcão-peregrino (Falco peregrinus) residente, um casal de Melro-d´água que percorre incessantemente as penedias de um rio (ainda) selvagem...
A certa altura os binóculos fixam na silhueta de uma ave de rapina pousada nas margens do Sabor. Durante a próxima hora a ave ora permanece longos minutos imóvel perscrutando o rio, ora se desloca num voo curto para uma outra atalaia localizada a algumas dezenas de metros. 
Trata-se de uma Águia-de-asa-redonda (Buteo buteo), ave que no Norte da Europa caça na espessura florestal mas que no nosso país, talvez devido à escassez de floresta autóctone, se adaptou à predação em espaços abertos. O comportamento que observo, contudo, representa uma novidade para mim.  Estaria esta águia-de-asa-redonda à caça de algum anfíbio incauto?
A resposta permanecerá no Vale do Sabor, pequeno pedaço de um país que ainda surpreende pela sua beleza...