17 maio 2008

Abutre-negro: símbolo do bosque mediterrâneo.


Abutres-negros (Aegypius monachus) sobrevoam o fabuloso Vale das Batuecas, uma das mais belas paisagens Ibéricas.

O dia chega ao fim naquele escarpado vale mediterrâneo. Encontro-me num dos locais mais remotos da Extremadura espanhola e perante mim estende-se um impressionante bosque mediterrâneo. Terra votada ao esquecimento, por onde desfilam alguns dos maiores tesouros da Fauna Ibérica: o Lince-ibérico (Lynx pardinus), a Águia-imperial (Aquila adalberti), a Cegonha-negra (Ciconia nigra). Caminho em direcção ao topo do vale quando de repente uma sombra de grandes dimensões prende a minha atenção. Olho para o ceú e o espectáculo é sublime: uma das maiores aves do mundo, o Abutre-negro (Aegypius monachus), descreve um amplo vôo planado logo seguido por outro exemplar ainda maior (provavelmente a fêmea).
O Abutre-negro é a ave europeia de maior envergadura, ultrapassando os 2,5 metros! Habita nos locais mais recônditos do bosque mediterrâneo construindo os seus gigantescos ninhos preferencialmente sobre Sobreiros (Quercus suber) centenários. Os principais efectivos europeus encontram-se restritos à Extremadura e áreas limítrofes contabilizando-se no total pouco mais de 1000 casais reprodutores. O estatuto de conservação em Portugal (onde a nidificação é errática) é de Criticamente em Perigo enquanto que em Espanha é de Vulnerável.
A observação do seu vôo majestoso sobre uma serra recoberta de vegetação mediterrânea é um dos maiores espectáculos naturais observáveis na Península Ibérica...

11 maio 2008

Pica-pau-malhado-grande: o carpinteiro por excelência dos nossos bosques


Pica-pau-malhado-grande (Dendrocopus major) fotografado no mês de Abril em pleno Vale do Sabor.

Nos bosques de Portugal habita uma das aves mais fascinantes da Fauna Ibérica: o Pica-pau-malhado-grande (Dendrocopus major). Com mais de 20 cm de comprimento, padrão de coloração branco e negro e uma mancha vermelha presente na nuca do macho adulto trata-se de uma ave facilmente identificável. No nosso país apenas poderá ser confundido com o mais raro e consideravelmente mais pequeno Pica-pau-malhado-pequeno (Dendrocopus minor) que habita nos montados do Sudoeste.
O pica-pau-malhado-grande distribui-se por todo o país alcançando as suas maiores densidades nas montanhas do Norte e Centro associado a carvalhais e pinhais. Alimenta-se preferencialmente de insectos embora os ovos e as crias de outros pássaros possam ocasionalmente fazer parte da sua dieta. A sua capacidade de "picar" os troncos das árvores é fantástica: tamboreia frequentemente com séries curtas e incrivelmente rápidas acedendo dessa forma ao alimento ou construindo o seu ninho.
Devido à sua timidez torna-se difícil observá-lo na Natureza pelo que a única prova da sua existência resume-se muitas vezes à presença do ninho, aos troncos de árvores "picados" ou à audição de um tamborilar distante...