15 janeiro 2007

Lince ibérico: presente e futuro do felino mais ameaçado do mundo (3)

Crias de Lince ibérico (Lynx pardinus) nascidas em cativeiro a 23 de Março de 2006. Tratam-se de duas fêmeas, Camarina e Castañuela, filhas de Saliega e Garfio, que sobrevivem até à actualidade.

Como resposta às recomendações expressas na Estratégia para a Conservação do Lince Ibérico (Lynx pardinus), o Ministério do Meio Ambiente espanhol elaborou um plano para a criação em cativeiro deste felino. No chamado Comité de Criação participam representantes de 15 instituições internacionais, nomeadamente especialistas nas áreas da reprodução, gestão de animais em cativeiro, genética, aspectos sanitários, etologia e conservação in-situ.

Os objectivos do plano de criação em cativeiro do lince ibérico são os seguintes:
- contribuir para o estabelecimento de uma população ex-situ de lince ibérico viável desde o ponto de vista sanitário, genético e demográfico, que permita o desenvolvimento de técnicas de reprodução natural e assistida;
- elaborar protocolos de actuação sobre os distintos aspectos do plano de criação em cativeiro;
- contribuir para a sensibilização, divulgação e educação sobre a situação do lince;
- fomentar a criação e manutenção de um banco de recursos biológicos que ajude a preservar a máxima diversidade genética presente neste felino;
- preparar os animais nascidos em cativeiro para uma futura reintrodução em áreas de distribuição histórica.

Até ao momento o programa de criação do lince ibérico decorre num único espaço preparado para o efeito: o Centro de Criação de El Acebuche. Localizado em pleno Parque Nacional de Doñana (Andaluzia), este centro foi inaugurado em 1992 com a incorporação de 2 fêmeas e 1 macho que, na altura da admissão, apresentavam ferimentos diversos resultante do aprisionamento em armadilhas ilegais.
Em 2005 El Acebuche foi testemunha de um momento histórico: numa segunda-feira, dia 28 de Março, precisamente às 18h26m (hora de Lisboa) Saliega, uma fêmea de quase três anos de idade oriunda da população da Serra Morena, deu à luz 3 pequenos linces, duas fêmeas e um macho! Dias depois, na sequência de uma luta entre os irmãos, uma das fêmeas infelizmente pereceu contudo as outras duas crias ainda vivem.
Em 2006 Saliega foi novamente mãe de duas fêmeas tendo sido acompanhada por Esperanza (que deu à luz um macho e uma fêmea) e Aliaga (que pariu dois pequenos linces entretanto falecidos).
Numa história repleta de pequenos avanços e por vezes grandes contratempos a população de lince em cativeiro vai aumentando de forma sustentada. Neste momento Portugal é candidato à constituição de mais um centro de criação juntamente com as comunidades espanholas da Extremadura e Andaluzia. Conforme se pode observar na tabela abaixo publicada (Fonte: Astrid Vargas, Programa de conservación ex-situ del lince ibérico: organización, planificación y situación actual) 2010 será o ano-chave em que se poderão efectuar as primeiras reintroduções de lince ibérico na Natureza. Assistiremos na próxima década à fundação de uma população estável do felino mais ameaçado do mundo no nosso país? Espero sinceramente escrever sobre esse momento no blogue Fauna Ibérica...

Teclar no botão esquerdo do rato para ampliar a tabela e o gráfico.

2 comentários:

Anónimo disse...

E eu espero ler...

abraço

Ivo Rodrigues disse...

Saudações alentejanas !!!

Até dava um palpite para essa reintrodução . . . . . . Serra de Monchique/Odelouca .....


Haja saúde !!!