28 julho 2006

Parque Natural de Redes

Cantu l´Osu - montanha mítica do Parque Natural de Redes com 1800 metros de altitude
Cuetu Negru - montanha rodeada pelos extensos faiais de Mongallu e Pociellu
Cascata de Tabállon - local de inesperada beleza que se atinge após cruzar o fabuloso bosque Saperu

Na região Oriental das Astúrias existe um território de 377 quilómetros quadrados de extensão classificado como Reserva da Biosfera pela Unesco: o Parque Natural de Redes.
Trata-se duma região montanhosa, com a altitude máxima de 2104 metros no Pico Torres, relevos abruptos, com bosques de grande extensão (33% da superfície do Parque corresponde a bosques maduros) e uma fauna das mais ricas e diversificadas da Europa, podendo-se referir a título de exemplo uma representação importante do galo-montês (Tetrao urugallus) há muito extinto em Portugal.
Existem inúmeros trilhos que podem ser percorridos merecendo particular destaque a Ruta del Alba, declarada Monumento Natural pelo Principado de Astúrias em 2001.

19 julho 2006

Pinheiro-silvestre: a conífera autóctone do Parque Nacional da Peneda-Gerês


A caminhada é longa e árdua. É preciso percorrer vários quilómetros de um trilho íngreme e pedregoso para alcançar este local escondido da Serra do Gerês. Mas vale a pena: perante nós encontram-se os últimos representantes de uma época remota.
Há milênios os glaciares cobriam o topo do Gerês. O bosque, restringido às altitudes mais baixas, era constítuido por coníferas principalmente pelo Pinheiro-silvestre (Pinus sylvestris), árvore imponente de folhas perenes e tronco avermelhado. Com o fim da glaciação de Wurm e o recuo dos gelos, estes pinheiros passaram a ocupar o topo da serra, enquanto que os vales mais abrigados foram colonizados pelo Carvalho (Quercus robur).
Os pinheiros-silvestres representavam para o Gerês o que os Pinheiros-negros (Pinus nigra) representam para os Alpes. No ínicio da nossa era formariam um bosque extenso, magnífico. Com a necessidade de pastos para o gado e da madeira por altura dos Descobrimentos estas florestas foram queimadas e derrubadas, restando na actualidade apenas alguns exemplares para testemunhar a grandeza desses tempos.
Sempre que subo a um dos cumes graníticos do Gerês não consigo deixar de imaginar como seria se os vales abruptos que desfilam diante de mim ainda estivessem recobertos por estes bosques primitivos!

13 julho 2006

O Faial

Bosque da Enramada - Um dos maiores faiais ibéricos, no Parque Natural de Somiedo, fotografado no Verão
Bosque de Pome - Faial maduro junto ao Rio Pomperi, no Parque Nacional dos Picos de Europa, fotografado no Outono

Nas vertentes Norte da Cordilheira Cantábrica desenvolve-se o mais belo bosque caducifólio da Península Ibérica: o Faial.
A Faia (Fagus sylvatica) é uma árvore robusta que pode alcançar os 40 metros de altura, de tronco recto e cilíndrico e coloração acinzentada. As folhas são ovais ou elípticas e formam uma copa muito densa que produz uma sombra espessa.
A floração coincide com o surgimento das folhas, em Abril e Maio, e os frutos amadurecem em Setembro e Outubro caindo em Novembro.
Devido à sua elevada transpiração a faia, para se desenvolver, necessita de um ambiente húmido, com abundantes brumas e névoas.
A sombra que produz impede o desenvolvimento do estrato herbáceo (a sua cobertura frequentemente não ultrapassa os 5% do bosque). Por isso o faial é um bosque "limpo", sendo perfeitamente possível caminhar por entre as suas arvores como se de um jardim bem cuidado se tratasse.
Nenhuma floresta europeia consegue transmitir com tanto vigor a passagem das estações: desde os troncos despidos e cobertos de neve do Inverno, ao verde intenso e fresco do Verão, passando pela explosão fugaz de cores do Outono.

10 julho 2006

Ouriço-europeu: a principal vítima de atropelamento


Com um corpo pequeno e rechonchudo, recorberto de espinhos com 2 a 3 cm de comprimento, o Ouriço-europeu (Erinaceus europaeus) é um animal inconfundível da Fauna Ibérica.
Embora seja uma presença assídua das áreas abertas (prados, zonas de cultivo) limitadas por fileiras boscosas ou arbustivas e ocupe uma ampla franja altitudinal desde o nível do mar até ao limite superior do bosque (em Portugal até aos 1200 metros de altitude), o ouriço encontra-se ameaçado.
A sua marcha lenta e principalmente o seu particular sistema defensivo perante ameaças (a imobilização, confiante no papel dissuador dos espinhos que o revestem) levam a que seja uma das principais vítimas de atropelamento das estradas ibéricas. O desenvolvimento da rede viária agrava a cada dia o problema.
Por isso se uma destas simpáticas criaturas decidir estabelecer-se no seu jardim não a expulse: provavelmente esse jardim é um dos poucos locais seguros que ainda restam para o nosso ouriço...

06 julho 2006

O Teixo



Caminhando pelas serranias do Gerês é possível encontrar em vales abrigados, "pequenas" árvores com 10 a 15 metros de altura, com troncos retorcidos avermelhados e folhas de um verde profundo: são os Teixos (Taxus baccata).
Estes exemplos de elegância vegetal constituem provavelmente os seres vivos mais antigos do Parque Nacional da Peneda-Gerês uma vez que há exemplares com mais de 1500 anos de idade!
Esta espécie dióica, ou seja com indíviduos femininos e masculinos distintos, distribui-se pelas florestas mistas da Europa, Norte de África e Sudoeste da Ásia. No nosso país encontra-se restringido às Serras do Gerês e da Estrela.
Todas as partes verdes do teixo são tóxicas o que motivou a sua destruição sistemática desde há séculos pelos efeitos nefastos sobre os animais domésticos. Contudo, esta árvore venerável é uma das maiores aliadas do Homem na grande luta do século XXI: o cancro. Dela se extraem os taxanos que constituem uma das principais armas da medicina moderna para os tumores da mama, pulmão, bexiga, esofágo, ovário, próstata e muitos outros.
É impossível ficar indiferente a esta árvore: percorrer a floresta de Albergaria numa tarde nevosa de Inverno e encontrar um teixo com as suas inconfundíveís bagas vermelhas transporta-nos para um Portugal de há milênios, cheio de magia...

03 julho 2006

Pico - a montanha atlântica


Mais de 2300 metros acima do nível do mar, em pleno Oceano Altântico, a meio caminho entre a Europa e a América do Norte ergue-se a montanha mais alta de Portugal: o Pico!
Subir a sua encosta Oeste, pelo trilho bem marcado, trepando as rochas vulcânicas é um desafio que deveria ser experimentado por todos os amantes da Natureza.
A caminhada inicia-se aos 1200 metros de altitude junto ao chamado Cabeço das Cabras. Após mais de 1 quilómetro surgem os primeiros marcos que assinalam o trajecto até ao cume. O trilho inflecte primeiro para Sul em direcção à Lomba de São Mateus e depois para Este, até alcançar a cratera. Esta é verdadeiramente imponente, com cerca de 600 metros de diâmetro e 30 metros de profundidade.
No extremo leste da cratera encontra-se o verdadeiro cume da montanha, o Piquinho. As suas encostas com mais 70 metros de altura são constituídas por basaltos por onde escapam continuamente fumarolas... Verdadeiramente surpreendente é o facto de até neste local inóspito ser possível encontrar o Melro-preto (Turdus merula)!
Se tivermos a sorte de usufruir de um dia descoberto a vista é fenomenal, conseguindo-se observar as ilhas do grupo central açoriano (Faial, São Jorge, Graciosa e Terceira), cada uma com o seu encanto particular...