22 maio 2007

Evolução das populações de aves de rapina na Península Ibérica (2)

Peneireiro-cinzento (Elanus caeruleus), colonizador recente do Interior Centro e Interior Norte de Portugal.

(continuação do post anterior)

O Milhafre-real (Milvus milvus) é na actualidade uma das rapinas mais ameaçadas da Península Ibérica. Entre os anos 2000 e 2005 a sua população baixou de cerca de 3 a 4 mil casais reprodutores para pouco mais de 2 mil. Está classificado na categoria "Em perigo de extinção" segundo o Libro Rojo de las Aves de España e "Criticamente em perigo" pelo Livro Vermelho dos Vertebrados de Portugal, onde se estima uma população residente de cerca de 50 animais. As causas para este declínio não estão completamente esclarecidas embora se possa referir a utilização de iscos envenenados para controlo de predadores, nomeadamente do Lobo-ibérico (Canis lupus signatus) nas serras do Norte português, como um dos principais factores de declínio.

O Peneireiro-cinzento (Elanus caeruleus), uma das mais belas aves da nossa fauna associada a montados abertos de sobro (Quercus suber) encontra-se em aumento populacional. Segundo a Sociedade Espanhola de Ornitologia/Birdlife existirão na actualidade entre 500 a 1000 parelhas reprodutoras distribuídas pelos dois países. Em Portugal merece particular referência a recente expansão desta espécie para a província de Trás-os-Montes.

O Tartaranhão-ruivo-dos-pauis (Circus aeruginosus), a ave de rapina por excelência das zonas húmidas ibéricas, também atravessa um bom momento. Nos últimos 5 anos o número de casais reprodutores aumentou de aproximadamente 500 para mais de 850. A ria de Aveiro e os estuários do Tejo e do Sado constituem locais privilegiados para a sua observação no nosso país, principalmente no Inverno quando somos visitados por aves provenientes do Centro e Norte da Europa.

O Tartaranhão-azulado (Circus cyaneus) apresenta neste início de milénio um efectivo estabilizado em Espanha de cerca de 1000 parelhas reprodutoras. Em Portugal a sua situação é menos favorável: a população reprodutora, confinada às zonas mais agrestes das serras nortenhas, é exígua (menos de 20 casais?). Está classificado entre nós como "Criticamente em perigo" e a sua extinção como nidificante pode tornar-se uma realidade a curto/médio prazo.

O Tartanhão-caçador (Circus pygargus), visitante estival dos nossos campos de cereais, encontra-se provavelmente em aumento populacional. Quatro mil casais distribuem-se pela Península Ibérica, principalmente na metade Oeste. Nas terras lusas o abandono da cerealicultura extensiva pode comprometer o futuro desta espécie pelo que se justifica a classificação de "Em perigo de extinção" atribuída pelo Livro Vermelho dos Vertebrados. Portugal concentra cerca de 1/10 da população europeia constituindo a zona de Castro Verde um dos seus principais redutos.

(continua no próximo post)

1 comentário:

filipe disse...

avistei um casal de tartaranhões caçadores na serra da cabreira para ai à 15 dias. entretanto deixei de os ver.