15 março 2007

Alcateia de Bragança - época de criação 2005/2006 (2/3)

O Lobo-ibérico (Canis lupus signatus) é um fantasma da noite, que nunca se sabe de onde vem ou para onde vai. Esta imagem, obtida por uma câmara fotográfica automática oculta, ilustra bem a dificuldade de obter o registo de um lobo selvagem.

Foi neste vale remoto que no ano 2005 ocorreu a reprodução da Alcateia de Bragança, coroada de sucesso.


(continuação do post anterior)

Métodos

Entre Abril de 2005 e Março de 2006 foram realizadas saídas de campo mensais (total de 12) em diversos pontos da área de estudo. Nestas jornadas privilegiou-se a deslocação a pé (totalizando mais de 100 km percorridos) prestando-se particular atenção à marcação territorial do lobo ao longo dos principais trilhos, nomeadamente através de dejectos e esgaravatados. Sempre que as condições atmosféricas se apresentavam favoráveis (principalmente ausência de vento) procedeu-se a estações de escuta e fizeram-se esperas para observação directa da espécie. Em locais bastante concretos do território da alcateia procedeu-se à colocação de câmaras fotográficas activadas por sensor de movimento de forma a obter registos fotográficas dos lobos e assim aferir informação adicional, nomeadamente individualização dos seus elementos e determinação indirecta do estado nutricional.

Resultados
No ano 2005 verificou-se a reprodução da Alcateia de Bragança próximo ao limite Sul do seu território, num vale recoberto por um denso matagal de esteva, giesta e urze. A aldeia mais próxima dista cerca de 2 km deste local. Entre os meses de Maio e Outubro o sítio de criação manteve-se imutável o que parece indicar a ausência de perturbação nas imediações deste reduto.
Inicialmente a ocorrência de reprodução foi sugerida pela presença de um número importante de dejectos na envolvência do vale em questão (com um pico de 12 dejectos numa extensão de 2 km durante os meses de Verão). A utilização de câmaras fotográficas automáticas permitiu documentar o trânsito frequente de adultos neste local. A confirmação da reprodução aconteceu apenas a 4 de Fevereiro de 2006: após observação directa de 2 lobos adultos cerca das 17 horas (minutos antes do pôr-do-sol), aguardei pelo cair da noite e finalmente escutei o uivo de pelo menos 3 indivíduos adultos e 5 lobachos.

(continua no próximo post)

1 comentário:

José Gonçalves Cravinho disse...

Eu não entendo nada de cultivo de campos e manutenção da natureza mas vejo aqui nesta reportagem montanhas sòmente com arbustos rsateiros.Porque não se plantam àrvores nêstes montes?!Isso não iria prejudicar a vida dos lobos, dos javalis,das raposas ou das aves