15 maio 2007

Evolução das populações de aves de rapina na Península Ibérica (1)

Casal de Águia-imperial ibérica (Aquila adalberti)

Em Julho do ano 2000 foi publicado o "Guía das las Aves de España - Península, Baleares y Canarias", edição da Sociedade Espanhola de Ornitologia (SEO). Nesse pequeno livro apresentavam-se mapas de distribuição e estimativas populacionais de todas as aves presentes não só em Espanha mas também em Portugal Continental tendo por base mais de 20 anos de trabalho de campo da SEO/Birdlife.
Cinco anos depois, em Dezembro de 2005, foi apresentada a 2ª edição que utilizou o mesmo rigor de amostragem do livro original. Comparando os dois trabalhos é possível constatar a evolução das populações das diferentes espécies de aves da Península Ibérica neste início de milénio. Falarei neste e nos próximos post sobre a situação actual das aves que desde sempre mais fascinam o Homem: as rapinas.

Começando pela rainha das aves verifica-se que em 2000 existiam em Portugal e Espanha cerca de 1200 casais reprodutores de Águia-real (Aquila chrysaetos); cinco anos depois esse número aumentou para 1400 casais. No mapa de distribuição verifica-se uma diminuição da sua frequência no Noroeste português de acordo com a situação difícil que esta ave enfrenta no Parque Nacional da Peneda-Gerês.

A mais ameaçada das rapinas continua a ser a Águia-imperial ibérica (Aquila adalberti). Os seus efectivos aumentaram consideravelmente contudo o valor total ainda é perigosamente baixo: em 2000 existiam 120 casais; em 2005 esse número aumentou para mais de 200 o que reflecte a existência de novos locais de nidificação, incluindo o Alto Alentejo.

A ave mais rápida do mundo vive um dos seus melhores momentos. O Falcão-peregrino (Falco peregrinus) aumentou neste período de tempo de 1700 para cerca de 2500 casais. O Noroeste português (a densidade de falcão-peregrino no Parque Nacional da Peneda-Gerês é impressionante...) e a Costa Vicentina, para além do vale do Douro, assumem-se como os principais bastiões da espécie no nosso país.

O Peneireiro-das-torres (Falco naumanni) aumentou significativamente a sua população: passou de 8000 parelhas reprodutoras para cerca de 20000 casais! Este incremento deveu-se principalmente à sua evolução favorável no Oeste Andaluz (onde inclusivamente inverna). Em Portugal a sua mancha de distribuição é muito pequena, encontrando-se cerca de 80% dos efectivos nas Zonas de Especial Protecção para as Aves de Castro Verde e Vale do Guadiana, o que a torna particularmente vulnerável.

(continua no próximo post)

7 comentários:

ljma disse...

Que bom é ler estas notícias!

Miguel Grillo disse...

É com imensa satisfação que leio esta notícia. Fico realmente feliz com estes resultados. Mas também gostaria realmente de vir a saber concretamente quais os factores que proporcionaram felizmente este significativo crescimento. Bem-haja!!!

Anónimo disse...

Os meus pulmões encheram-se de ar durante a leitura deste post. Gostaria que revelasse a evolução de outras espécies de rapinas, principalmente as nocturnas. Tal como o sr grillo gostaria também de saber quais os motivos que originaram este aumento populacional. Obrigado.

Anónimo disse...

Óptima Notícia!

Mas é curioso...enquanto todas as aves de rapina comentadas, tiveram um acréscimo, mesmo em Portugal, só a Águia-real teve um decréscimo no nosso país. Já agora, deixo a questão: o porquê desta evolução negativa?

miguelbarbosa disse...

Estes são os dados da Sociedade Espanhola de Ornitologia / Birdlife sobre a evolução das populações de aves de rapina entre 2000 e 2005 na Península Ibérica. São dados objectivos podendo-se especular sobre a(s) causa(s) que explicam estes números. Infelizmente nem todas as rapaces apresentaram uma evolução tão positiva como as que foram referidas neste post. Atentem nas postagens seguintes...

Anónimo disse...

é muito enteressante este blog, e é bom saber que há sempre alguém preocupado com os animais. gosto muito de ver os diversos pássaros que vêm comer no meu jardim e gosto muito de apreciar as aves maiores que cruzam os céus. tenho um fraquinho especial por cegonhas e fico muito preocupada quando quase a chegar o inverno ainda as vojo nos seus ninhos tão mal protegidos contra as intempérias.Gostava que se preocupassem mais com estes animais tão belos. Outra coisa que me irrita em particular, é ver os ninhos que as andorinhas fazem com tanto trabalho, todos desmanchados. Esta atitude só faz com que a população desta ave também tão bonita e caracterista diminua. O que eu acho pior é que muitos dos sítios onde estragam os ninhos são edifícios do estado. Sara

Anónimo disse...

Moro no concelho de Loures e todos os dias no regresso do trabalho vejo uma ave que nao sei identificar, apenas tenho quase a certeza que se trata de uma ave de rapina. Ha ja oito anos que a vejo a planar, creio que andando a caçar,la no alto com suas grandes asas. Tenho quase certeza que se alguma coisa nao for feita alguem com menos escrupulos a vai tentar transformar em trofeu,o que e de lamentar. Gostaria de saber com quem contactar ,e ao mesmo tempo saber se posso fazer algo para ajudar.