Com a sua aparência extravagante levada ao extremo nos seus olhos de "fogo", o Quebra-ossos (Gyapetus barbatus) representa uma súmula de dois mundos: o dos águias e o dos abutres.
Percorrer os principais trilhos do Parque Nacional dos Picos da Europa no Norte da Península Ibérica é uma experiência inolvidável: representa conhecer da forma mais próxima um dos locais mais preservados da Europa. Por aqui abundam Lobos-ibéricos (Canis lupus signatus), Águias-reais (Aquila chrysaetos), Grifos (Gyps fulvus), Pica-paus negros (Dryocopus martius), entre outras jóias faunísticas do Velho Continente. Mas para os meios conservacionistas espanhóis, e concretamente asturianos, o bom não é suficiente: buscam a excelência e por isso planeiam o regresso de uma espécie mítica à Cordilheira Cantábrica...
Essa espécie é o Quebra-ossos (Gyapetus barbatus), uma ave gigantesca (a sua envergadura atinge os 3 metros), rara a nível mundial, conhecida pelos seus peculiares hábitos dietéticos: é a única ave osteófaga (que se alimenta predominantemente de ossos) do planeta!
Actualmente a área de distribuição do Quebra-ossos abrange a Cordilheira Pirenaica, os Alpes Orientais (onde foi reintroduzido a partir de exemplares espanhóis no início dos anos 90 do século passado), os Himalaias e alguns maciços montanhosos da África Oriental.
A população dos Pirinéus apresenta uma alta densidade de exemplares e portanto será expectável que dentro de algumas décadas colonize a vizinha Cordilheira Cantábrica, de onde se extinguiram por volta da década de 60. Mas a Fundación para la Conservación del Quebrantahuesos e o organismo Parques Nacionales não querem esperar tanto tempo. Para 2008 está programada a solta de exemplares a partir da população pirenaica em pleno Parque Nacional dos Picos da Europa. E assim talvez dentro de meia dúzia de anos teremos mais um símbolo da Conservação da Natureza mundial, uma das aves mais elegantes e com um ciclo de vida dos mais fascinantes a criar a pouco mais de 200 quilómetros do Norte de Portugal.
3 comentários:
Estamos tão perto de Espanha mas ao mesmo tempo tão longe...Nós cá nem da área de um Parque Nacional sabemos cuidar, quanto mais das espécies integrantes.
Quem sabe...não surgirá daqui a uns anos em Portugal...E já agora porque se tinham extinto do Picos da Europa? será que já existiu em Portugal?
é sem dúvida (mais) um exemplo a seguir!
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