A conservação dos valores naturais representa uma medida indirecta do grau de civilização de uma nação. Como se trata de um "bem" inatingível, sem uma repercussão económica imediata, raramente se encontra entre as prioridades de qualquer Governo.
O Parque Natural do Douro Internacional foi criado em 1998 para "valorizar e conservar o património natural e o equilíbrio ecológico, através da preservação da biodiversidade e da utilização sustentável das espécies, habitats e ecossistemas". Quatro anos mais tarde foi criado na vizinha Espanha o Parque Natural Arribes del Duero, de forma a que na actualidade as duasáreas protegidas encerram mais de 120 quilómetros de canhões e bosques mediterrâneos inacessíveis. Perfazem uma das maravilhas naturais da Europa, habitada por Águias-reais (Aquila chrysaetos), Lobos-ibéricos (Canis lupus signatus), Gralhas-de-bico-vermelho (Pyrrhocorax pyrrhocorax) ou Britangos (Neophron percnopterus).
Esperar-se-ia que para vigiar e proteger uma área tão extensa o país dispusesse de algumas dezenas de funcionários, nomeadamente Vigilantes da Natureza. Na verdade, e desde há cerca de 4 meses, não há um único Vigilante da Natureza a trabalhar no Parque Natural do Douro Internacional! Restam apenas 4 técnicos superiores, o que não permite sequer a recepção adequada aos visitantes que procuram a região. Ficam as perguntas: estará o país numa penúria tão profunda que não possa honrar os seus compromissos internacionais na área da Conservação da Natureza? Se esta mesma situação se passasse numa área protegida próxima de um grande centro urbano do litoral o desfecho seria o mesmo? Faz ainda sentido chamar ao Douro Internacional área protegida quando não resta praticamente ninguém para a proteger?
12 comentários:
de facto uma situação grave.
Conforme tu mesmo dizes, "um destino inevitável, próprio de um país sem rumo”
É muito triste, só nos resta olhar em frente.
Bom trabalho.
Continuação.
Fica o convite para visitar o www.bilmamundoenatureza.blogspot.com
Obrigado
Zito
Bilma
Bom dia
Embora acompanhe este blogue e todos os seus intertessantissímos artigos, é a primeira vez que comento.
Na verdade é inadmissível o que acontece nesse Parque. Será resultado do desinteresse de quem tem poder para o resolver, será por conteção de despesas, será pela localização...enfim, o que é de certeza é porque não existe uma verdadeira política conservacionista.
Fernando gomes
Dúvido que no Portugal pré revolução de abril estas coisas acontecessem. Esta gente deixou metade do país arder,tanto que o auge da floresta portuguesa deve ser procurado por meados da década setenta do século passado. O que lhes interessa é roubar, legalizar o aborto e o casamento de homossexuais, talvez para atender às necessidades próprias...Nestas coisas eles são eficazes.
Eles não têm categoria para governar uma nação como a portuguesa, talvez, no máximo, mas eu duvido, fizessem um bom papel numa republica de bananas. Uma choldra.
Saudações,
João Gabriel Barbedo Marques
Rio de Janeiro
Há muito que leio este magnífico e ímpar blog, no entanto é a primeira vez que me pronuncio. Espero a cada dia que NUNCA desista de escrever.Obrigada Miguel, por cada palavra e foto.
E eu que daria tudo...mudaria de armas e bagagens...para ter essa profissão. Com LOBOS à minha volta seria a mulher mais feliz do Universo.
Grata.
Maria João Meireles*
É mesmo caso para perguntar se a área está realmente protegida..... Os governantes que acham que isto basta para proteger uma área (se sequer têm ideia do que isso é), por uma vez olhem para o outro lado do rio e, aí, sim, vejam o que é uma área protegida e como funciona. É espantosa esta atitude de uma nação que se diz europeia, quando desrespeita com todo o vigor os ideais de desenvolvimento sustentável! Uma nação que se mantém, é verdade, à frente da ignorância fascista do tempo de Salazar, mas bem atrás do verdadeiro progresso e desenvolvimento.
Legalizar o aborto e o casamento homossexual SÃO prioridades sociais, e já é sabido que o desenvolvimento sustentável não é só proteger a natureza, mas TAMBÉM é proteger a natureza e isso definitivamente não acontece em Portugal! É lamentável, haja ao menos respeito pelas nossas maravilhas naturais.....
Cumprimentos do Ninho de Observações (www.ninhodeobservacoes.blogspot.com)
O PNDI não tem nenhum vigilante? Se fosse esse a única questão!E os outros? Têm vigilantes mas não têm meios. Estão na total ruína. Não têm viaturas, não têm dinheiro, não têm praticamente tècnicos. A conservação é feita nos gabinetes e cresce a revolta. Nunca em nenhuma ocasião a conservação atravessou tal crise. Pobre país completamente desgovernado.
É altura de de dizer basta!
...e tanta gente sem emprego!...
que governo é este?!muito havia pra dizer ,mas isso dava pano pra mangas!
abraço a todos
É chocante e revoltante que este tipo de situações possam acontecer. Falta de visão e de formação de quem nos governa, mas também apatia e desconhecimento do comum do cidadão, o qual devia fazer ouvir a sua voz para denunciar e exigir responsabilidades e mudanças a quem de direito.
O ICN está estrangulado. Isto deve-se a falta de orçamento (não há nem para mandar cantar um cego)e à centralização doentia que impede que uma simples esferográfica seja comprada sem autorização de Lisboa. A situação é grave, não fiscalização, o furtivismo está a crescer a olhos visto e há noticia de abate de animais em várias áreas protegidas. Por outro lado há técnicos a abandonar o ICN completamente desiludidos.
Boa tarde, Miguel!
Lendo os seus posts e lendo os comentários, só posso chegar à triste conclusão que o descaso é o mau do ser humano, independente de seu lugar de nascimento.
Tenho acompanhado algumas notícias e matérias sobre a Península, por conta de um trabalho que tenho desenvolvido, e é muito triste ver que a natureza seja desaprezada em qualquer parte do mundo. Aqui no Brasil se desdenha porque aqui se desdenha de tudo e também porque ainda há relativa abundância de recursos (mas que logo serão devorados). Quando veem o inifinito de árvores da Amazônia, se acredita que jamais terá um fim, embora haja exemplos de que isso não é verdade, como as próprias florestas da Península, que já foi um mar infinito de verde, uma poderosa floresta repleta de lendas (tais quais as nossas) e que hoje se encontra fragmentada, à mercê da boa vontade dos governos para serem preservadas.
É triste constatar que o problema de tudo é a nossa espécie e o mundo ficaria muito melhor sem ela...
Abraços fraternais do outro lado do oceano =]
Viva,
É notória a falta de vigilância nos tempos que correm nas nossas zonas de protecção florestal.
Quem percorre as serras do Alto Minho,facilmente encontra as casas Florestais abandonadas,outrora orgulho de uma ditadura,mas eficazes no seu desempenho,foram habitadas por pessoas simples,mas competentes no desempenho das suas funções,que era a protecção da natureza.
Porquê,é mais barato deixar a Natureza à mercê de quem não tem respeito pelos valores ambientais?
Será muito dispendioso por vigilantes nos principias Parques durante todo o ano?
Temos uma chefia da função Publica demasiado burocrática e com poucos conhecimentos de causa.
Queria felicita-lo pelo excelente post a quando o incêndio da mata do Ramiscal,em 2006,tocou-me muito pelo seu interesse e conhecimento do local.
Ate breve...
João Dias
http://trutaseserras.blogspot.com
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